Alguns pleonasmos são fáceis de reconhecer (entrar para dentro, voltar para trás, subir para cima), outros estão presentes na linguagem oral e devem ser evitados na linguagem escrita.
O pleonasmo literário, utilizado de forma intencional para produzir ênfase, deve ser evitado em textos jornalísticos.
Exemplos:
Até hoje, a polícia ainda não identificou o assassino. => Até hoje, a polícia não identificou o assassino. // A polícia ainda não identificou o assassino.
Comer um pedacinho pequeno de bolo. => Comer um pedaço pequeno de bolo
Neste show, os artistas vão tocar sucessos da carreira individual de cada um. => Neste show, os artistas vão tocar sucessos de suas carreiras individuais.
É importante ter conhecimento de setores-chaves importantes, como agronegócio e indústria de carga. => É importante ter conhecimento de setores-chaves, como agronegócio e indústria de carga
O empate acabou acontecendo no intervalo entre as expulsões. => O empate acabou acontecendo entre as expulsões.
O técnico vai manter o mesmo time no próximo jogo. => O técnico vai manter o time no próximo jogo.
O resultado do laudo será fornecido daqui a uma semana. => O laudo será fornecido daqui a uma semana.
O presidente fez uma previsão otimista para o futuro. => O presidente fez uma previsão otimista.
Esta cerca divide a Coreia em duas metades. => Esta cerca a Coreia em duas.
Li esse livro há três anos atrás. => Li esse livro há três anos.
Até mesmo a CUT já condenou a greve. => Até a CUT já condenou a greve.
Devemos usar dados históricos, como, por exemplo, o IPCA desde 1990. => Devemos usar dados históricos, como o IPCA desde 1990.
Expressões pleonásticas frequentes:
- Elo de ligação
- Criar novas oportunidades
- Acabamento final
- Há anos atrás
- Conviver junto
- Ganhe grátis
- Planos para o futuro
- Inaugurar novas escolas
- Todos são unânimes
- Lançar um novo CD
- Estrear um novo filme
- Teto máximo
- Piso mínimo
- Pequeno detalhe
- Já não serve mais.
- Consenso geral
Fontes:
Manual da Redação da Folha de São Paulo, edição de fev. de 2018.
O Português do Dia a Dia. Como Falar e Escrever Melhor – Prof. Sérgio Nogueira
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Leia também:
- Aspectos estilísticos – 1-ÊNFASE – Quatro formas de dar ênfase à informação mais relevante da frase.
- Aspectos estilísticos – 2-Repetição de palavras.
- Aspectos estilísticos – 3-Ambiguidade.
- Aspectos estilísticos – 5-Estrangeirismo.
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Betty Vibranovski
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Ou se diz ‘como’ ou ‘por exemplo’, os dois juntos são uma redundância. ‘Entre’ já indica um intervalo. ‘Manter’ já significa o mesmo, se for outro, diga ‘trocar’ ou ‘substituir’. Quem fala ‘resultado do laudo’ confunde laudo com exame, se for ‘resultado do exame’ não haverá pleonasmo. ‘Em duas metades’ é pleonasmo, pode-se dizer ‘em duas partes iguais’. Se for três, será um terço.
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Tipos de pleonasmo
Existem dois tipos de pleonasmo: o literário e o vicioso. São tipos diferentes a depender da intenção de quem enuncia o discurso e da maneira como isso é feito. Alguns gramáticos afirmam que o uso (se consagrado ou não) dos termos que geraram o pleonasmo pode validar sua ocorrência (tendo aí uma figura de linguagem) ou não (ocorrendo um vício de linguagem).
Pleonasmo literário
Muitas vezes, o pleonasmo literário é empregado para enfatizar uma ideia ou conceito, dando caráter poético à construção. É bastante comum que isso ocorra em epítetos da natureza. Veja um exemplo clássico do poeta Fernando Pessoa:
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Como se pode notar, explicitar o adjetivo “salgado” para o “mar” é redundante, porém traz um efeito poético no texto pela ênfase. A seguir, outro exemplo da cantora e compositora Vange Leonel:
Procuro só a escuridão
A purificação na calada da noite
Da noite preta
O substantivo “noite” já passa a ideia de escuridão, portanto, dar a ela o adjetivo “preta” é um recurso estilístico, o pleonasmo. É também comum a ocorrência de pleonasmo com outros elementos da natureza: “neve branca”, “água mole em pedra dura”, “mar azul”, “sol quente” etc.
Veja também: Cacofonia – vício de linguagem que pode gerar sentidos inconvenientes
Objeto pleonástico
Há, ainda, o conceito de objeto pleonástico: para dar realce ao objeto (direto ou indireto), é possível colocá-lo no início da frase e repeti-lo com a forma pronominal na sequência. Observe as orações:
O meu desejo, confessei-o a ela.
Note que o objeto direto (“o meu desejo”) foi repetido após o verbo (“confessei-o”), configurando um objeto pleonástico, visto que a repetição tem a função de dar ênfase.
A mim não me enganas tu.
Novamente, um caso de objeto pleonástico nesse excerto do escritor Miguel Torga, agora do objeto indireto (“a mim”) repetido pelo pronome (“me”).
Pleonasmo vicioso, tautologia ou redundância
Em certos contextos, o pleonasmo não é usado como recurso estilístico, configurando um vício de linguagem: a redundância. Trata-se de construções comumente não vistas como adequadas ou que não acrescentam efeito de ênfase ou de esclarecimento (nesse caso, ocorrendo por falta de atenção na construção do enunciado ou por desconhecimento do significado exato dos termos utilizados). Deve ser evitado em conversas formais, em dissertações de vestibulares, em documentos oficiais, em artigos científicos, em livros didáticos, em reportagens e em notícias.
A seguir, alguns exemplos corriqueiros de pleonasmo vicioso:
Eu subi lá em cima para ver o que ela queria.
Ele era o principal protagonista da história.
Entrou num ciclo vicioso do qual não conseguia sair.
Nos três enunciados, não há justificativa para utilizar as redundâncias destacadas. Para evitar esse vício, basta um dos termos:
Eu subi para ver o que ela queria.
Eu fui lá em cima para ver o que ela queria.
Ele era o protagonista da história.
Ele era a personagem principal da história.
Entrou num ciclo do qual não conseguia sair.
Entrou num círculo vicioso do qual não conseguia sair.
Assim, os enunciados não estão mais redundantes.
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A língua portuguesa é, sem dúvidas, muito complicada. Frases como “Vou-me embora”, na qual a partícula “me” é só um realce, é aceita como correta. Já a frase “Já não serve mais”, é vista como redundante. Mas eu não desisto, continuarei tentando entender este idioma rsrsrsrs
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Betty, estou aproveitando bastante esta série de posts sobre aspectos estilísticos. Vou ler todos e esperar por outros 😉
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Que excelência. Mais uma vez, muito obrigado, Betty. Algumas expressões eu utilizo inclusive no meu vocabulário. Parabéns na clareza das palavras. É impossível não aprender.
Jair – Curitiba-PR
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Olá, Jair!
Puxa, muito obrigada pelo elogio. 🙂
Abraço,
Betty
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Betty Vibranovski, como sempre você traz uma contribuição da maior importância. Uma excelente pesquisa.
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Oi, Vanete!
Muito bom receber sua mensagem. Obrigada!
Grande abraço,
Betty
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